domingo, 25 de novembro de 2012

Bate-papo com o pessoal do Blog Franqueando


CONVERSA AFIADA – VICTOR MARQUES

Continuando com a projeto de entrevistas com profissionais do franchising, o blog Franqueando aproveitou o momento de euforia do setor de franquias para falar sobre um assunto que costuma tirar o sono de muitos franqueados: Finanças. Finanças é algo que muitos franqueados se preocupam na hora de investir e construir o plano de negócio, mas com o tempo é quase que esquecido na operação de um negócio.
Para falarmos sobre esse assunto conversamos com Victor Marques. Coordenador de operações e novas franquias no grupo Multi Holding,  com mais de 7 anos de experiência em franquias que já capacitou com palestras ou consultorias mais de mil profissionais de diversas marcas e segmentos. Confira a entrevista abaixo:
1    – Victor, a área de FINANÇAS é uma das mais importantes na hora de investir em um negócio sendo ou não uma franquia. Por isso, o que os investidores devem se atentar na análise do PLANO DE NEGÓCIO?
Oi Rafael, primeiramente, agradeço o convite e o parabenizo pelo trabalho que desenvolve no Blog. Gosto muito e sou um leitor frequente!
Bom, o empreendedor, antes mesmo de decidir investir em qualquer negócio, necessariamente precisa elaborar o seu próprio plano de negócios. Uma franquia, que é uma operação formatada, não dispensa esse planejamento, ao contrário. Além da questão financeira, que envolve estimar custos, preço, margem, lucro, rentabilidade, prazo de retorno e etc, existe a questão estratégica, a pesquisa de mercado, do publico em potencial, da concorrência, dados de desempenho do segmento e assim por diante. Um grande – e importante – fator é ter afinado ao que se propõe a fazer. Tente imaginar uma pessoa que não goste de animais gerindo um pet shop, ou ainda, alguém ligado ao mundo da moda investindo no ramo automotivo. Ambos os exemplos podem ter cases de sucesso, talvez pela habilidade de gestão desse empreendedor, mas certamente a chance de êxito quando há afinidade é muito maior.
Pois bem, com o plano de negócios de uma franqueadora em mãos, é fundamental atentar para a coerência das informações, principalmente no que tange ao valor investido x prazo de retorno, assim como, para as projeções de evolução dessa loja, para o capital de giro exigido para manter a operação durante os primeiros meses, quais os pagamentos periódicos para a franqueadora e, naturalmente, qual a capacidade que essa empresa terá de gerar lucro. Ainda assim, para a obtenção de mais lastro para a escolha de uma franquia, solicite a indicação de alguns franqueados de unidades em operação que tenham alcançado o desempenho traçado no plano de negócios. Avaliar quais foram os méritos e dificuldades de outros franqueados será um interessante norteador para o investidor.
2       - É muito comum qualquer administrador enxergar a área de finanças resumidamente como contas a pagar/receber, sendo que muito do próprio planejamento estratégico está ligado a saúde financeira da unidade, quais outros pontos a se atentar?
Rafael, infelizmente, é muito comum. Temos hoje um enorme “analfabetismo financeiro” nas pessoas físicas, que são os empreendedores de micro e pequenas empresas; se é difícil organizar e planejar a vida de uma pessoa, da mesma maneira é em uma empresa.
No cotidiano os administradores acabam apenas registrando pagamento e recebimento, quando o fazem. É um desafio para as franqueadoras conscientizar e capacitar seus franqueados em áreas em que ele não tenha habilidades, entre elas, a área financeira. Essa capacitação pode ser através de treinamentos, convenções, whokshops e do suporte da consultoria de campo, que deve levar know how e competência profissional para auxiliar e orientar esses franqueados.
Desta forma, o franqueado compreende que ter segurança financeira – capital de giro – para “bancar” o negócio enquanto ele estiver engatinhando, contribui para um crescimento sustentável. Ter capacidade de pagamento oferece a ele mais poder de negociação e subsídios para tomadas de decisões mais fundamentadas, principalmente diante de situações adversas.
Todo empresário, independente do tamanho, precisa ter um fluxo de caixa, com previsões confiáveis para no mínimo dois meses, bem como, com os registros das movimentações diárias/realizadas. Essencial medir e acompanhar um conjunto mínimo de indicadores de desempenho (faturamento, volume de itens vendidos, ticket médio, lucratividade, gastos/faturamento, taxa de conversão, por exemplo) e ter um DRE, que mostrará o resultado operacional em um determinado período.
Resumindo, empresários que utilizam essas ferramentas e sabem administrar suas finanças terão negócios mais lucrativos.

3
 -  Quais as principais erros que podem levar o caos financeiro de uma unidade franqueada?

O mandamento sagrado em finanças é: Não gastar mais do que gera de receitas. Além disso, é importante que em hipótese alguma o franqueado misture as contas pessoais com as contas da empresa. Isso é muito comum e distorce totalmente a análise do desempenho da franquia. Para evitar isso o franqueado deve estabelecer um pró-labore e essa retirada deve ser adequada à realidade financeira da empresa, inclusive, eis outro erro muito comum, que é o franqueado ter uma retirada muito além do que a empresa pode pagar, onerando o caixa da unidade.
Dividas que acarretam juros, inadimplência alta, descontos frequentes nas vendas, gastos descontrolados, saber distinguir o que se “quer” do que se “pode”, falta de gerenciamento de estoques, de capital de giro e de planejamento são erros determinantes que podem levar ao caos.
4       Um dica para evitar isso?

Rafael, eu costumo brincar que a “Gestão Estratégica DEIXO A VIDA ME LEVAR” só deu certo uma vez: Com o Zeca Pagodinho, que gravou a música e fez muito sucesso (e dinheiro) com ela. Brincadeiras a parte, é possível resumir a dica em três passos:
Conhecimento – Como falamos anteriormente, nem todo empresário possuí conhecimento para lidar com dinheiro. Sugiro, portanto, buscar capacitação em cursos e escolas de negócios, contratar profissionais que possuam esse conhecimento, assim como, contar com auxilio dos consultores de campo e/ou de consultorias do mercado.
Planejamento – Planejar as finanças permite construir uma estrada que será seguida nos próximos meses. Inicia-se na previsão das vendas em período, dos custos variáveis que elas resultam, das despesas administrativas, financeiras de marketing e outras, das provisões necessárias para reformas, treinamentos, expansão, 13º salário e, claro, do ponto de equilíbrio ou lucro desejado. Trata-se do planejamento orçamentário, que resultará em um fluxo de caixa e em um DRE previsto e com isso, o empresário terá condições de “ver o futuro”.
Disciplina – Ter conhecimento, desenvolver o planejamento e não ter disciplina para colocar em prática, não será suficiente. Isto demandará envolvimento e dedicação por parte do Gestor para fazer acontecer o que foi planejado, utilizando adequadamente as ferramentas citadas nas questões anteriores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário