CONVERSA AFIADA
– VICTOR MARQUES
Continuando com a projeto de entrevistas com
profissionais do franchising, o blog Franqueando aproveitou o momento de
euforia do setor de franquias para falar sobre um assunto que costuma tirar o
sono de muitos franqueados: Finanças. Finanças é algo que muitos franqueados se
preocupam na hora de investir e construir o plano de negócio, mas com o tempo é
quase que esquecido na operação de um negócio.
Para falarmos sobre esse assunto
conversamos com Victor Marques. Coordenador de operações e novas
franquias no grupo Multi Holding, com mais de 7 anos de
experiência em franquias que já capacitou com palestras ou consultorias mais de
mil profissionais de diversas marcas e segmentos. Confira a entrevista abaixo:
1
– Victor, a área de FINANÇAS é uma das mais importantes na
hora de investir em um negócio sendo ou não uma franquia. Por isso, o que os
investidores devem se atentar na análise do PLANO DE NEGÓCIO?
Oi Rafael, primeiramente, agradeço o
convite e o parabenizo pelo trabalho que desenvolve no Blog. Gosto muito e sou
um leitor frequente!
Bom, o empreendedor, antes mesmo de
decidir investir em qualquer negócio, necessariamente precisa elaborar o seu
próprio plano de negócios. Uma franquia, que é uma operação formatada, não
dispensa esse planejamento, ao contrário. Além da questão financeira, que
envolve estimar custos, preço, margem, lucro, rentabilidade, prazo de retorno e
etc, existe a questão estratégica, a pesquisa de mercado, do publico em
potencial, da concorrência, dados de desempenho do segmento e assim por diante.
Um grande – e importante – fator é ter afinado ao que se propõe a fazer. Tente
imaginar uma pessoa que não goste de animais gerindo um pet shop, ou ainda,
alguém ligado ao mundo da moda investindo no ramo automotivo. Ambos os exemplos
podem ter cases de sucesso, talvez pela habilidade de gestão desse
empreendedor, mas certamente a chance de êxito quando há afinidade é muito
maior.
Pois bem, com o plano de negócios de
uma franqueadora em mãos, é fundamental atentar para a coerência das
informações, principalmente no que tange ao valor investido x prazo de retorno,
assim como, para as projeções de evolução dessa loja, para o capital de giro
exigido para manter a operação durante os primeiros meses, quais os pagamentos
periódicos para a franqueadora e, naturalmente, qual a capacidade que essa
empresa terá de gerar lucro. Ainda assim, para a obtenção de mais lastro para a
escolha de uma franquia, solicite a indicação de alguns franqueados de unidades
em operação que tenham alcançado o desempenho traçado no plano de negócios.
Avaliar quais foram os méritos e dificuldades de outros franqueados será um
interessante norteador para o investidor.
2 - É muito comum qualquer administrador enxergar a área de finanças
resumidamente como contas a pagar/receber, sendo que muito do próprio planejamento
estratégico está ligado a saúde financeira da unidade, quais outros pontos a se
atentar?
Rafael, infelizmente, é muito comum.
Temos hoje um enorme “analfabetismo financeiro” nas pessoas físicas, que são os
empreendedores de micro e pequenas empresas; se é difícil organizar e planejar
a vida de uma pessoa, da mesma maneira é em uma empresa.
No cotidiano os administradores
acabam apenas registrando pagamento e recebimento, quando o fazem. É um desafio
para as franqueadoras conscientizar e capacitar seus franqueados em áreas em
que ele não tenha habilidades, entre elas, a área financeira. Essa capacitação
pode ser através de treinamentos, convenções, whokshops e do suporte da
consultoria de campo, que deve levar know how e competência profissional para
auxiliar e orientar esses franqueados.
Desta forma, o franqueado compreende
que ter segurança financeira – capital de giro – para “bancar” o negócio
enquanto ele estiver engatinhando, contribui para um crescimento sustentável.
Ter capacidade de pagamento oferece a ele mais poder de negociação e subsídios
para tomadas de decisões mais fundamentadas, principalmente diante de situações
adversas.
Todo empresário, independente do
tamanho, precisa ter um fluxo de caixa, com previsões confiáveis para no mínimo
dois meses, bem como, com os registros das movimentações diárias/realizadas.
Essencial medir e acompanhar um conjunto mínimo de indicadores de desempenho
(faturamento, volume de itens vendidos, ticket médio, lucratividade,
gastos/faturamento, taxa de conversão, por exemplo) e ter um DRE, que mostrará
o resultado operacional em um determinado período.
Resumindo, empresários que utilizam
essas ferramentas e sabem administrar suas finanças terão negócios mais
lucrativos.
3 - Quais as principais erros que podem levar o caos financeiro de uma unidade franqueada?
O mandamento sagrado em finanças é: Não gastar mais do que gera de receitas. Além disso, é importante que em hipótese alguma o franqueado misture as contas pessoais com as contas da empresa. Isso é muito comum e distorce totalmente a análise do desempenho da franquia. Para evitar isso o franqueado deve estabelecer um pró-labore e essa retirada deve ser adequada à realidade financeira da empresa, inclusive, eis outro erro muito comum, que é o franqueado ter uma retirada muito além do que a empresa pode pagar, onerando o caixa da unidade.
Dividas que acarretam juros,
inadimplência alta, descontos frequentes nas vendas, gastos descontrolados,
saber distinguir o que se “quer” do que se “pode”, falta de gerenciamento de
estoques, de capital de giro e de planejamento são erros determinantes que
podem levar ao caos.
4 Um dica para evitar isso?
Rafael, eu costumo brincar que a “Gestão Estratégica DEIXO A VIDA ME LEVAR” só deu certo uma vez: Com o Zeca Pagodinho, que gravou a música e fez muito sucesso (e dinheiro) com ela. Brincadeiras a parte, é possível resumir a dica em três passos:
Rafael, eu costumo brincar que a “Gestão Estratégica DEIXO A VIDA ME LEVAR” só deu certo uma vez: Com o Zeca Pagodinho, que gravou a música e fez muito sucesso (e dinheiro) com ela. Brincadeiras a parte, é possível resumir a dica em três passos:
Conhecimento – Como falamos
anteriormente, nem todo empresário possuí conhecimento para lidar com dinheiro.
Sugiro, portanto, buscar capacitação em cursos e escolas de negócios, contratar
profissionais que possuam esse conhecimento, assim como, contar com auxilio dos
consultores de campo e/ou de consultorias do mercado.
Planejamento – Planejar as finanças
permite construir uma estrada que será seguida nos próximos meses. Inicia-se na
previsão das vendas em período, dos custos variáveis que elas resultam, das
despesas administrativas, financeiras de marketing e outras, das provisões
necessárias para reformas, treinamentos, expansão, 13º salário e, claro, do
ponto de equilíbrio ou lucro desejado. Trata-se do planejamento orçamentário,
que resultará em um fluxo de caixa e em um DRE previsto e com isso, o
empresário terá condições de “ver o futuro”.
Disciplina – Ter conhecimento,
desenvolver o planejamento e não ter disciplina para colocar em prática, não
será suficiente. Isto demandará envolvimento e dedicação por parte do Gestor
para fazer acontecer o que foi planejado, utilizando adequadamente as
ferramentas citadas nas questões anteriores.
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